tag:blogger.com,1999:blog-35528099184819200742024-02-18T17:43:03.044-08:00Quem se indaga é incompletomchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.comBlogger22125tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-46353638519430086422011-12-08T18:02:00.000-08:002011-12-08T18:02:02.773-08:00A noite já é alta<br />
e voam aos sopros invisíveis as pequenas angústias<br />
expectativas vagas refrescam os hálitos amargados pela rotina e café de máquina.<br />
Não sei o que tem... mas tem! Este raio fervente de sol que passa na lua a pratear-se e apaziguar-se, me alimenta de vontade.mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-85400124407253639892011-01-28T09:45:00.000-08:002011-01-28T09:48:02.933-08:00BlasfêmiaNoturnas horas lentas e entorpecentes.<br />
No balcão está sentado, mudo e suado, figura imaginada diretamente de um filme western antigo, tão preto e branco quanto, mesmo à luz fraca e amarela do boteco. Capote, barba cerrada. Mata outro trago.<br />
Entra em assobios, tristes, mas assobios, outra imagem, já esta parece vinda de uma boemia sambista qualquer, aprumado em blusa cinza claro e calça escura. Senta-se em uma mesa. Silva, razoavelmente, uma outra melodia.<br />
- Por Deus, poderia parar com esta merda?<br />
O cavalheiro, sem levantar-se de seu recente aposento, devolve:<br />
- Por mim, continuo.<br />
Calam-se alguns segundos. O primeiro ainda debruçado sobre a madeira plana junto ao copo, sem virar-se. O segundo poucos metros atrás, sentado confortavelmente e encarando o atrevido ranzinza.<br />
- Muito bem, pensa que é Deus. Tenha ao menos piedade, com esse calor infernal, de deixar-me em paz e calar esta aporrinhação.<br />
- E não deveria estar acostumado, um Diabo como você?<br />
Deus aborreceu-se, desistiu de acender o cigarro e saiu. Ao menos serviu para que cessassem as más inerpretadas melodias.<br />
O Diabo agradeceu a Deus (quanta ironia!) e matou outro trago.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<a name='more'></a>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-478319146469697492011-01-19T07:49:00.000-08:002011-01-19T07:49:19.976-08:00EmilyVem Emily<br />
vamos brincar<br />
rodar, rolar<br />
me dá<br />
me afana<br />
o anseio de amar<br />
então me chama<br />
o macio da cama<br />
não nos conforta<br />
brinquemos no chão<br />
te puxo e empurro<br />
te ponho torta<br />
te desarrumo<br />
são mãos e eiras<br />
e beiras e vãos<br />
nos corpos a poeira<br />
nos gruda aos poros<br />
misturam a sujeira<br />
e suam os anseios<br />
improvisamos os meios <br />
nos melamos <br />
lambuzamos<br />
inexistem receios<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<a name='more'></a>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-13628594432988101082011-01-03T19:37:00.000-08:002011-01-03T19:37:50.164-08:00VargtimmenAo fim, ela por ela<br />
porém, é desfecho das ocasiões ou<br />
enfim, princípio natural?<br />
<br />
Das trevas que te cercam<br />
devias julgá-las por outras sanguessugas?<br />
Não, talvez entendê-las<br />
como as intrínsecas vestes de tua <u>alma</u><br />
<br />
Ao nascer, se moldam a tuas formas<br />
Ao viver, amedrontam-te silenciosas<br />
Ao morrer, absorvem-te<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<a name='more'></a>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-49268983635362608782010-08-27T15:49:00.001-07:002011-09-15T22:41:03.048-07:00Redeespremido espaço côncavo<br />
de pano estendido malhado<br />
em balanço leve e esticado<br />
cheiro do cabelo ainda molhado<br />
que brinca em meu rosto, bagunçado<br />
aguça o prazer do tato<br />
atrito suave e cadenciado<br />
entre meu peito e tua blusa fina<br />
apoia a cabeça no pulso dobrado<br />
e deixa fugir o sorriso de menina<br />
<br />
lá, fora deste covil embarcado<br />
cantam as folhas em ritmo brando<br />
pulam em galhos as aves dançando<br />
mal sabe toda a natureza<br />
que em tua sola de pé<br />
meus dedos regem em passeio<br />
e compõem toda a beleza<br />
desta sinfonia que é<br />
o mundo com ti sem receio<br />
<br />
<br />
<br />
<i>"She´s often inclined to borrow somebody´s dreams ´till tomorrow"</i><br />
<br />
<br />
<a name='more'></a>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-56638432926022979692010-08-22T16:50:00.000-07:002010-08-23T18:04:34.825-07:00TemaVazio, <br />
encoberto pelo soar do despertador seis horas da manhã, <br />
negligenciado pela exaustão física dez horas da noite,<br />
disfarçado pelos artificiais objetivos de toda a hora.<br />
<br />
Maldita essa vertigem que ataca se me entrego à segurança da televisão num domingo. Desgraçado pela bolha de ar gelado que me parece espremer o coração em toda falsa hora vadia que, por inevitável vínculo às seguintes, não concede a liberdade prometida.<br />
<br />
Má sorte de sentir. <br />
Este sentir que naturalmente demanda por vinhos e mulheres em esperança de preencher o tema deste momento. Ah, a quem quero enganar? O tema é constante.<br />
Tolo sentir, queres enganar o tema, mas na falta do sexo e do álcool te engano antes pelas letras dos outros, e raras vezes pelas minhas.<br />
<br />
Se não me faltam os escapes efêmeros, me lanço a ti apenas para lembrar que a chama mais forte prenuncia a brevidade do fogo. Cilada viciada porém garantida por tuas influências.<br />
<br />
Sentir, tu és o tema. És vazio.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<a name='more'></a>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-40391825658683434382010-06-19T22:24:00.000-07:002010-06-19T22:24:14.962-07:00enquanto <br />
o rock´n roll dos vinte<br />
já me passou<br />
e os hinos dos setenta<br />
todavia me quedan lejos<br />
balanço esta sonata de vida<br />
em ritmo de ausência<br />
que me faz<br />
e batida de tristeza<br />
que me traz<br />
e não será outra busca<br />
que me completará<br />
nem mesmo outro hálito<br />
que aliviará<br />
<br />
o que será, que será?<br />
<br />
engano a dor com variações<br />
mergulho nos escritos<br />
de outros mil corações<br />
tento o consolo em outros<br />
cantantes e canções<br />
mas não é o vinho<br />
nem o ressoar<br />
que me vai pôr calmo<br />
ou aliviar<br />
O que não tem descanso, <br />
nem nunca terá<br />
O que não tem cansaço, <br />
nem nunca terá<br />
O que não tem limite<br />
<br />
<a name='more'></a>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-57048997856624514652010-06-12T15:55:00.000-07:002010-06-12T15:59:29.619-07:0012/06<div style="text-align: justify;">"Mas... ânimo! Ainda seremos grandes amigos!"</div><div style="text-align: justify;">O que doeu mais, vagas palavras de consolo inútil ou os braços rasgados pela ventania gelada que se fez logo após, em um ponto de ônibus qualquer às 2:30 da manhã?</div><div style="text-align: justify;">Pouco importa, pois as dores são parceiras na moléstia alheia. E mais, não haveria momento mais propício para o encontro e união destas que o dia dos namorados.</div><div style="text-align: justify;">Não, não vou chamar de ironia de ninguém, destino, vida, juventude... quero que estes malditos metidos ao sarcasmo se fodam. A ironia é da minha dor, unicamente!</div><div style="text-align: justify;">Portanto, muda-se a companhia no dia dos companheiros. Muda-se também as influências. Se antes diria:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>"O amor, quando se revela, <br />
Não se sabe revelar. <br />
Sabe bem olhar p'ra ela, <br />
Mas não lhe sabe falar."</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Declamo agora:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>"Toma um fósforo. Acende teu cigarro!<br />
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,<br />
A mão que afaga é a mesma que apedreja."</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Bem verdade. Uma se foi mas deixou a outra como presente de dia dos amantes.</div><div style="text-align: justify;">Não há raiva, apenas mudei de Menina para Dor.</div><div style="text-align: justify;">Troquei também o Fernando pelo Augusto.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Já fiz poesias à Menina, bobas e clichês.</div><div style="text-align: justify;">Minha musa a ser beijada por versos agora é outra. Não prometo que não sejam também bobas e clichês, mas prometo a dedicatória.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Feliz dia do amor, Dor!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><a name='more'></a>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-16709875984545046772010-06-05T13:24:00.001-07:002010-06-05T13:24:32.986-07:00RepentinaRosalinda, minh´alegria<br />
ô menina, se te pego nesse chão<br />
murmúrio doce desceria<br />
esparramando de paixão<br />
E aos teus olhos permaneceria<br />
por cem anos de ilusão<br />
em teu ventre depositaria<br />
de minha língua, o úmido calor<br />
provaria do odor<br />
sentiria do sabor<br />
e em mútuo torpor<br />
teu flanco deitaria, teu cabelo voaria<br />
embriagada de amor! <br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<a name='more'></a>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-911521900447064462010-05-24T15:03:00.000-07:002010-05-24T15:07:03.514-07:00Novavilense<div style="text-align: justify;"><br />
<br />
Domingo era dia de jogo do Novavilense.<br />
Despertava às oito com um beijo da esposa, uma lambida do cachorro e a cabeça suada.<br />
Tomava o seu café forte com pão de sal e manteiga, enquanto as crianças (eram duas) davam as últimas espreguiçadas na cama.<br />
Iam à piscina: bóias, bolas, sol, sombras, jornal, suor...<br />
Almoçavam com os pais dela, contavam as últimas façanhas dos filhos na escola, tinham pavê de sobremesa.<br />
Voltava para casa, os pequenos cochilavam, a esposa cochilava e ele mal se continha a esperar as dezesseis horas. Enquanto isso, suava a cabeça.<br />
Quinze e quinze já se punha de vermelho e branco (cores do Novavilense), sacava a primeira garrafa de cerveja do refrigerador e sentava no sofá.<br />
Dez para as desesseis levantava, preparava a panela de pipoca e sacava outra cerveja para refrescar o suor.<br />
Iniciava a partida com as esperanças e sonhos de quem vê o amor de sua vida pela primeira vez. </div><div style="text-align: justify;">Xingava, suava, pulava, resmungava, sentava e suava mais.<br />
Terminava a partida com a raiva e frustração de quem já viu o amor de sua vida por tempo demais.<br />
Sentava na varanda colorida pelos últimos raios do dia. Ouvia os pássaros.<br />
<br />
Aconteceu que, neste domingo, uma sequência inédita de pequenos movimentos e observações se sucedeu. Quando levantava a garrafa para levar à boca, parou e segurou-a fixa no ar. Estático, reparava em uma gota que pendia ao fundo, lado de fora da garrafa. Os pássaros murmuravam enquanto a luz do entardecer refratava na gota, que vacilava em seu curto instante de existência. Talvez se passassem dez ou até vinte segundos, mas dentro daquela cabeça suada de domingo não havia progressão temporal, apenas uma imagem em quadro.<br />
<br />
E assim como o excesso de sal estraga o feijão e muito cantar compromete a canção, este turbilhão estático de idéias e sentimentos foi demais para a cabeça suada. Enxugou a gota, exugou a testa e tratou de parar de pensar mais do que deveria.<br />
Afinal já se fazia noite, em poucas horas deveria dormir e descansar. Amanhã era segunda-feira. Não era dia do jogo, era dia de trabalho.<br />
Novavilense agora, só semana que vem.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><a name='more'></a>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-68820895554538319652010-05-20T19:25:00.000-07:002010-05-20T19:25:59.265-07:00Ao frioDa brisa que congela, foge a palavra. <br />
As gravidades do clima ameaçam-lhe o movimento, transgridem-lhe o pulsar.<br />
Para a rima violada, resta o conformismo de morrer em hipotermia.<br />
<br />
Mas tu, que és fogueira da inspiração, promete abrigo ao verbo.<br />
Adjetivo e advérbio, ao fio da noite ou ao estalar do amanhecer, bebem do café quente de tuas idéias e em tua alma se esquentam.<br />
<br />
Belo este fogo de Prometeu que tens na ponta dos dedos!<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<i>Dedicado a uma já iniciada amizade.</i><br />
<br />
<br />
<br />
<a name='more'></a>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-30591665510898793252010-05-14T15:07:00.000-07:002010-05-14T15:07:55.312-07:00Tarde<div style="text-align: justify;">- Então, é isso?<br />
- Sim senhor, apenas que na próxima vez o senhor controle o barulho.<br />
<br />
Ele subia os três lances de escada até seu apartamento. Não havia razão para se aborrecer com o porteiro, afinal só estava trabalhando, anunciando as últimas reclamações dos vizinhos do primeiro andar. Não se importava com esse tipo de <span class="goog-spellcheck-word">aporrinhação</span> e, passadas algumas cervejas, esqueceria novamente os moradores <span class="goog-spellcheck-word">rabugentos</span>.</div>Parou em frente à porta, catou as chaves no bolso, enfiou-as e forçou a fechadura.<br />
O lugar era do tamanho ideal para um sujeito solteiro de vinte e tantos anos. Da entrada, viam-se os 4 ou 5 metros de extensão do <span class="goog-spellcheck-word">cômodo</span> principal, ao final a janela imensa escancarada, deixando passar toda vida que o dia ainda preserva às cinco e meia da tarde.<br />
De todo o <span class="goog-spellcheck-word">espetáculo</span> de reflexão da luz nas paredes e no chão, da brisa suave que refrescava o ambiente e do <span class="goog-spellcheck-word">impressionante</span> silêncio que se fazia presente, nada guardou a atenção do rapaz por mais de cinco segundos.<br />
<br />
- Enfim...<br />
<br />
Colocou algumas cervejas no congelador, alongou as costas, fechou a porta e se jogou no sofá. Ligou o aparelho de som, <span class="goog-spellcheck-word">Mile</span> Davis. A bebida demoraria a gelar e, talvez por <span class="goog-spellcheck-word">misericórdia</span> da existência, era tarde de sexta-feira.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<a name='more'></a>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-13899518083899509152010-05-11T19:55:00.000-07:002010-05-11T19:59:15.223-07:00Flamenca<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6N3qa2guDMOF06sUm_QtTRqI6KwXdKdY0dFHfY7xZWI5Sf8IQuLe1PPwhfq0twifrDLze7D7JFjFpC82VxowMTNqy3H201BHAJcASzjISFga62B8c2sTMCXmhRX4sESH-Fq9XHT8EJRey/s1600/Flamenco+Dancer+II.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6N3qa2guDMOF06sUm_QtTRqI6KwXdKdY0dFHfY7xZWI5Sf8IQuLe1PPwhfq0twifrDLze7D7JFjFpC82VxowMTNqy3H201BHAJcASzjISFga62B8c2sTMCXmhRX4sESH-Fq9XHT8EJRey/s400/Flamenco+Dancer+II.jpg" width="300" /></a></div> <span style="font-size: x-small;">Pintura de Fabian Perez</span><br />
<br />
<br />
Da vibração penetrante<br />
na atmosfera ressonante<br />
treme minh´alma<br />
em seu embolar<br />
em cada dedilhar<br />
em tua carne firme<br />
treme meu olhar<br />
prende-me em teu filme<br />
que vítima de teu crime<br />
possa me tornar<br />
e me embriagar<br />
deste vinho que te cobre<br />
treme meu ar<br />
na madeira os sapatos<br />
criam engasgos e estalos<br />
dolorosos e culpados<br />
do suor que me percorre<br />
somente para então<br />
resfriar-me os sentidos<br />
com os braços movidos <br />
ora esguios<br />
ora contidos<br />
e as mãos que os guiam<br />
também regem meus suspiros<br />
treme meu pensar<br />
e então tuas formas <br />
são lúbricas chamas <br />
que vacilam ao palmear<br />
és essência da paixão<br />
rubra fascinação<br />
treme meu amar<br />
<br />
<br />
<object height="40" width="250"> <param name="movie" value="http://listen.grooveshark.com/songWidget.swf" /><param name="wmode" value="window" /><param name="allowScriptAccess" value="always" /><param name="flashvars" value="hostname=cowbell.grooveshark.com&widgetID=21123382&style=metal&p=0" /><embed src="http://listen.grooveshark.com/songWidget.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="250" height="40" flashvars="hostname=cowbell.grooveshark.com&widgetID=21123382&style=metal&p=0" allowScriptAccess="always" wmode="window"></embed></object>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-54323952404041003452010-05-09T06:41:00.000-07:002010-05-13T16:19:58.634-07:00Your Latest Trick - Inspiração<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://philgamer.files.wordpress.com/2009/03/dark_alley.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="282" src="http://philgamer.files.wordpress.com/2009/03/dark_alley.jpg" width="440" /></a></div> <span style="font-size: x-small;">Crédito da imagem: http://philgamer.files.wordpress.com/2009/03/dark_alley.jpg</span><br />
<br />
<br />
<br />
Enquanto os mostros enfumaçados, <br />
enormes e pesados<br />
tomam a cidade com seus rosnares<br />
em uma entrada de ruela<br />
entre lixo, asfalto e grades<br />
percorrem vultos interessados<br />
vagabundos, putas e viciados<br />
<br />
Não me pergunte...<br />
Não sei como isto foi acontecer<br />
<br />
Todas minhas seguranças tornaram-se foscas <br />
como a luz destas calçadas<br />
brisa inebriante das madrugadas<br />
meu sentimento de nada conta<br />
a solidão dos passos faz divagar<br />
e esta luz neon aponta<br />
para a entrada do próximo bar<br />
<br />
Não sei como isso foi acontecer...<br />
Não me pergunte<br />
<br />
E todo o álcool não basta, todavia<br />
néctar que alivia e angustia<br />
que junto da vida se esvazia<br />
companheira única e indissociável<br />
a garrafa permanece omissa<br />
e a dor se torna menos palpável <br />
<br />
Por Favor, não me pergunte<br />
Não sei como tudo isso foi acontecer<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<object height="40" width="250"> <param name="movie" value="http://listen.grooveshark.com/songWidget.swf" /><param name="wmode" value="window" /><param name="allowScriptAccess" value="always" /><param name="flashvars" value="hostname=cowbell.grooveshark.com&widgetID=21094748&style=metal&p=0" /><embed src="http://listen.grooveshark.com/songWidget.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="250" height="40" flashvars="hostname=cowbell.grooveshark.com&widgetID=21094748&style=metal&p=0" allowScriptAccess="always" wmode="window" width="250" height="40"></embed></object>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-9498537410121797712010-05-08T08:20:00.000-07:002010-05-08T08:35:26.132-07:00Jamiroquai - Virtual Insanity<div style="text-align: justify;"> Destruam seus computadores! Larguem os celulares e enterrem suas televisões! Comidas transgênicas causam câncer e ultra-sonografia mata os neurônios! Clonagem + engenharia genética + filmes em 3D = FIM DO MUNDO!!!!!<br />
Não. Nada disso. Esta mensagem embalada pelo delicioso ritmo jazzístico moderno (poderia dizer assim?) que o Jamiroquai fez como ninguém, ou poucos, quer alertar pra algo bem mais sutil, porém grave.<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbedilEsMdstibaiurg_2tnW3ynNCc06cJP0Km2LnFMhqwzfjkKZ_42a3g6ib-oijHkv_EZzBdCN3XZFHlW4PUFbAcLsfFT0Ygp_vu0osBkLtLTDv8w2rlvbhysHP5YyWmuOj7ekiFv9Tf/s1600/b0065333_4ac8828dc2afa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbedilEsMdstibaiurg_2tnW3ynNCc06cJP0Km2LnFMhqwzfjkKZ_42a3g6ib-oijHkv_EZzBdCN3XZFHlW4PUFbAcLsfFT0Ygp_vu0osBkLtLTDv8w2rlvbhysHP5YyWmuOj7ekiFv9Tf/s320/b0065333_4ac8828dc2afa.jpg" /></a></div><br />
<br />
<br />
<br />
<a name='more'></a><br />
Em quais quesitos a evolução do conhecimento e domínio sobre a natureza (neste ponto, um conceito amplo) alterou, para melhor ou pior, nossa consciência quanto a seres viventes coletivos e não filhos-do-dono-do-mundo individuais e possuidores da verdade suprema? Até onde me parece, em nenhum. E nisso esta música entra em concordância comigo. Realmente, seria de um idealismo brega dizer que “Temos muitos amigos no Orkut, mas não em uma festa” ou que “Passamos mais tempo conversando sobre uma briga no Big Brother do que resolvendo nossas discordâncias”. Seria, se isso tudo não fosse uma consequência drástica da nossa falta de capacidade de lidar com a própria natureza (aqui, um sentido fechado).<br />
Explico: é intrínseco ao comportamento humano o comodismo, mas também é a razão. Portanto pode-se classificar como <b>egoísta</b> e <b>desumano</b> o ato consciente de prejudicar o coletivo em prol do individual. Mas espera aí, levando em conta que um celular desses de 90 reais exige: Desmatamento para mineração de metais, extração de petróleo para produção de plástico, poluição de água no processo de fabricação, exploração do trabalho de outro homem na linha de montagem (provavelmente um chinês), queima de combustíveis para o transporte do aparelho... quer dizer então que eu, meus amigos e até minha avó de 80 anos somos desumanos e egoístas por usar um telefone desses para comunicação? Talvez a definição “egoísta e desumano” não ajude muito bem na análise geral... que tal<b> insanidade</b>?<br />
Retirado de um dicionário na web:<br />
<br />
<b> insanidade (in-sa-ni-da-de)</b><br />
Caráter do que é insano.<br />
Dito, ação que revela falta de juízo, de bom senso.<br />
<br />
Sim, a partir do momento em que escolhemos um carro fechado para nos isolar do ponto de ônibus demasiadamente humano, estamos sendo insanos. Quando consumimos tudo que nos é ofertado com a simples premissa de que “Eu posso”, somos insanos. Quando culpamos o conteúdo veiculado pela televisão que <b>nós</b> compramos de deturpar os princípios de <b>nossos</b> filhos sentados em <b>nosso</b> sofá, somos completamente insanos.<br />
Seguindo a trilha sonora, quem pode dizer os milagres que ainda não faremos pela humanidade? Sim, ou escolher as cores do olho e cabelo do filho não seria um milagre em 1960? A questão é aonde chegaremos sem a respectiva evolução da consciência humana. E esta é a ferida que a banda toca com a maravilhosa música e melhor ainda vídeo.<br />
Lançado em 1996 no álbum Travelling Without Moving, Virtual Insanity vinha acompanhado de mudanças bruscas nas possibilidades tecnológicas da década: celulares, computadores pessoais, internet, além de eventos até então assustadores e/ou apocalípticos: ovelha Dolly, alardes sobre o efeito estufa e El Niño por exemplo. O Jamiroquai consegue então representar toda essa angústia da época, o que fica mais enfático ainda com o vídeo clip. Neste, Jay Kay vestindo uma roupa escura se move dançando e cantando em uma sala extremamente clara, com um efeito muito louco de movimento do ambiente inteiro.<br />
Entre algumas baratas, corvos e sofás que dançam e sangram, a banda conseguiu sincronia perfeita entre os conceitos da música e as imagens em movimento. Pena que, por ter sido lançado oficialmente junto ao nascimento da ovelha Dolly, todo este belo trabalho ficou estigmatizado como apenas uma crítica à clonagem. Nossa péssima e velha mania de simplificar as idéias, pois pensar cansa.<br />
Esta aí, então, um incentivo a conhecer e escutar a música. Também a proposta de transgredir da simples admiração de belos conceitos para a vivência como seres inteligentes e sensíveis<br />
A Dolly nasceu e morreu. Nós também não?<br />
<br />
<embed allowfullscreen="true" base="http://admin.brightcove.com" bgcolor="#FFFFFF" flashvars="videoId=36190760001&playerID=10172910001&domain=embed&" height="412" name="flashObj" pluginspage="http://www.macromedia.com/shockwave/download/index.cgi?P1_Prod_Version=ShockwaveFlash" seamlesstabbing="false" src="http://c.brightcove.com/services/viewer/federated_f9/10172910001?isVid=1&publisherID=59121" swliveconnect="true" type="application/x-shockwave-flash" width="486"></embed></div>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-41987665741004716642010-05-08T06:32:00.000-07:002011-09-15T22:21:07.952-07:00ConveniênciaJá te ocorreu, meu caro, de possuir a mais límpida pureza e desejar a sujeira? Quando digo de pureza, digo da intenção clara, do ímpeto moldado e simples. Por algum acaso já te ocorreu esta armadilha da vida e juventude?<br />
Sim, pois a juventude não passa de trama da vida. Nada <span class="goog-spellcheck-word">sutil</span>, muito pelo <span class="goog-spellcheck-word">averso</span>, juventude é coisa arrebatadora. É ardilosa e sem culpa. Mais que tudo, é <span class="goog-spellcheck-word">maldosa</span> e egoísta.<br />
<div style="text-align: justify;">Já te custaram, amigo, horas <span class="goog-spellcheck-word">noturnas</span> e <span class="goog-spellcheck-word">soturnas</span> de pálpebras cerradas em vão? Horas estas que <span class="goog-spellcheck-word">lubridiam</span> e abandonam à própria sorte da consciência. Trazem elas a verdade ou o engano? Meio, fim ou abismo?<br />
Não bastam a pontuação nem as exclamações. Tampouco bastam as palmas <span class="goog-spellcheck-word">flamencas</span>. Não basta a coerência para explicar-te, tens que ter sentido e doído.<br />
A pureza não traz consigo apenas a alegria e o "felizes-para-sempre". Ela carrega a raiva de mil anos de opressão e pretende despejar tudo em um buraco, tu!<br />
Sou sim, hipócrita. És tu também. Mas por graça de <span class="goog-spellcheck-word">deus</span>, ou da cerveja, os fatos não reprimem os desabafos. Somos sujos por natureza e puros por <span class="goog-spellcheck-word">conveniência</span>.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<a name='more'></a></div>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-8618389203855537672010-05-02T11:53:00.000-07:002010-05-02T12:05:05.277-07:00Pink Floyd – Meddle<div style="text-align: justify;"> Gravado em diferentes estúdios durante a turnê no início de 1971, Meddle é o sexto álbum do Pink Floyd. O rock progressivo e psicodélico de extrema qualidade, juntamente com o experimentalismo bem sucedido, propostas sinestésicas e musicalidade impecável fazem deste uma das melhores obras da banda. O embaralho dos sentidos já vem descrito na capa e segue até o final epopéico com Echoes.<br />
Espero que este pequeno relato pessoal possa encorajar novos amantes desta banda magnífica.<br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRkYSmVnTOQxzx7yYbxI4aESFzqQTQoEI2Orxwemq0pTy_WlAZYTexTXU6ajJs5yBDiVoPikABOWWEOdalJ8KKokf75WDQlMK43Sjrb1fq8Bz7835Og2m2R1bq2DcLJ9M9jWlOzOVJIXLu/s1600/album-meddle.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRkYSmVnTOQxzx7yYbxI4aESFzqQTQoEI2Orxwemq0pTy_WlAZYTexTXU6ajJs5yBDiVoPikABOWWEOdalJ8KKokf75WDQlMK43Sjrb1fq8Bz7835Og2m2R1bq2DcLJ9M9jWlOzOVJIXLu/s320/album-meddle.jpg" width="317" /></a></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 90%;"><i> Obs.: Quando se ouve Pink Floyd, é extremamente necessário que se ouça o álbum inteiro, nada de “pular pra mais legalzinha hihihihihi”. Confie em mim, vale a pena.</i></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
<a name='more'></a><br />
<span style="font-size: 120%;"><b>Lado A:</b></span><br />
<b><br />
</b><br />
<b>1- One of These Days – 5:57 – Roger Waters, Richard Wright, Nick Mason, David Gilmour</b><br />
<br />
Instrumental que dá início ao álbum. Cria as imagens perfeitas para te acompanharem até o final da experiência. Os sons começam ritmados e discretos, mas vão tomando espaço e, quando você se sente suficientemente angustiado e vai pular de música, o Nick Mason te manda um "One of these days, I'm going to cut you into little pieces". Então, ou se cague de medo e nunca mais ouça o disco, ou continue ouvindo a música, agora um pouco mais animada e menos aterrorizante.<br />
Algumas passagens da música (se não toda ela) são claramente inspiradas no tema musical da abertura do Doctor Who, um seriado de ficção científica.<br />
<br />
<b>2- A Pillow of Winds – 5:07 – Roger Waters, David Gilmour</b><br />
<br />
Para aliviar os ânimos mas não te tirar da “viagem”, vem esta bela calmaria. Trata-se de uma bela canção, bem macia e que vai devagar, quase parando.<br />
<br />
<b>3- Fearless – 6:05 – Roger Waters, David Gilmour</b><br />
<br />
Um dos trunfos do álbum! Vem agarrada na inércia da música anterior, porém com mais embalo. Ao final ouve-se a torcida do Liverpool entoando “You´ll never walk alone”, lindo!<br />
<br />
<b>4- San Tropez – 3:40 – Roger Waters</b><br />
<br />
Continuando o disco no mesmo embalo, mas com uma pitada de jazz, um pouco de ar latino também. O ritmo dessa música é uma beleza! <br />
<br />
<b>5- Seamus – 2:13 - Roger Waters, Richard Wright, Nick Mason, David Gilmour</b><br />
<br />
Nada acontece abruptamente ou sem razão de ser nos álbuns do Pink Floyd, e esta música é um exemplo perfeito. Um bluesman toca sua gaita enquanto o fiel companheiro Seamus uiva. Aquela melancolia boa do blues faz a passagem quase imperceptível do clima leve e colorido de San Tropez para...<br />
… se prepare para o melhor!<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: 120%;"><b>Lado B:</b></span><br />
<b><br />
</b><br />
<b>1- Echoes – 23:31 - Roger Waters, Richard Wright, Nick Mason, David Gilmour</b><br />
<br />
Originalmente em vinil, esta obra de arte vem isolada no segundo lado do disco. Pudera, ela sozinha dura mais tempo que todo resto do álbum. A boa notícia é que vale cada segundo, fecha o trabalho da forma mais excepcional possível.<br />
Aqui é onde se aplica verdadeiramente a sinestesia do álbum: azul, frio, ecos, profundidade, escuridão, águas, espaço aberto, movimentos diversos, vôo livre, mergulho, corais, ondas... isso tudo se funde e te carrega para a experiência máxima do disco. Poderia descrever o fluxo de sensações ao decorrer da música, mas acho melhor deixar uma sugestão: pegue sua cerveja bem gelada, feche o quarto, apague a luz e aproveite estes incríveis 23 minutos e 31 segundos.<br />
Existe a “lenda” que a música foi feita enquadrando-se exatamente no tempo da passagem final de 2001: A Space Odissey. Assim como vários outros rumores em torno das músicas do Pink Floyd, estes sempre foram rechaçados pela banda. De qualquer forma, é muito louco assistir a sequência, arrepiante em alguns momentos, mas recomendo que tenha outras 5 ou 6 garrafas para acompanhar aquela primeira cervejinha gelada. Segue o vídeo.<br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/f88NZ1sxWX0&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x3a3a3a&color2=0x999999"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/f88NZ1sxWX0&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x3a3a3a&color2=0x999999" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object></div>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-34861239579362886772010-05-01T22:09:00.001-07:002010-05-01T22:10:59.229-07:00Virgíniapureza por nome<br />
como pura podes não ser?<br />
eternizas a ignorância das carnes<br />
<br />
quero no<br />
reflexo de teus óculos<br />
me encontrar<br />
e na umidade de teus lábios<br />
sentir a vida<br />
me tomar<br />
<br />
me tome,<br />
me beba e me mostre<br />
me encare por todo o tempo<br />
me desafie<br />
e me beba<br />
<br />
tolo eu, se te tomo por submissa<br />
se me penso superior, por mirar por cima<br />
me tomas a vida<br />
e me mantém como queres<br />
com olhar que ora sugere<br />
ora reflete<br />
<br />
o vinho das uvas me derrete o paladar<br />
seus gemidos me derretem os ouvidos<br />
teus olhos blindados me derretem a visão<br />
teus mamilos me derretem o tato<br />
teu suor me derrete o olfato<br />
tua saliva me derrete a alma<br />
<br />
derrete-me <br />
depois toma-me<br />
<br />
me absorva com a lingua e com os olhos<br />
por baixo e por cima, <br />
por fora e por dentro<br />
me absorva <br />
me consuma e me destrúa<br />
me encare por todo o tempo<br />
<br />
<br />
<br />
<a name='more'></a>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-65997169244769069072010-05-01T18:49:00.000-07:002010-05-01T18:51:42.762-07:00Ritmo desta noiteQue os dentes fiquem roxos, isto é certo<br />
mas que caia o desejo<br />
o eterno descontentamento,<br />
ah, isso é trapaça do estômago<br />
não o creia pois,<br />
cedo ou tarde sucumbe à vontade do coração<br />
Temos por livro que<br />
a carne é fraca e<br />
a alma é eterna<br />
mas que espírito, me diga,<br />
já nunca se ajoelha<br />
cola o queixo no peito e pede misericórdia<br />
quando diante das exigências da paixão<br />
<br />
<br />
<br />
<a name='more'></a>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-78419212249734451892010-05-01T15:55:00.000-07:002010-05-01T22:25:02.431-07:00Raul Seixas - Gita<div style="text-align: justify;">Lançado em 1974, é o segundo álbum fruto da parceria de Raul Seixas com Paulo Coelho. Recheado de exoterismo, reflexões existencialistas e músicas que se tornaram verdadeiros hinos alternativos, a obra não marca só pelas ideias mas também pela musicalidade ampla de ritmos e estilos, característica importante do Raul. Acreditar ou não nas filosofias defendidas por ele é o menos importante, mas é de um enriquecimento cultural e pessoal incrível conhecer e compreender as músicas do Maluco Beleza. Segue a minha análise do, na minha opinião, melhor disco do Raul.</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3J4Q8i1WVPPX1LaJMQizU-YvpxxuFx4aNEId5UxS8t2wsRF61cjdFh8IY-1pn0rJ3vzs9OvgXegQQfBCGTM1xfls3bPWU2dn3veXvBuDi_7IQP7IxwI2qt9cAFUoJhjOMmwASJCQh1N31/s1600/Raul+Seixas+-+Gita.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3J4Q8i1WVPPX1LaJMQizU-YvpxxuFx4aNEId5UxS8t2wsRF61cjdFh8IY-1pn0rJ3vzs9OvgXegQQfBCGTM1xfls3bPWU2dn3veXvBuDi_7IQP7IxwI2qt9cAFUoJhjOMmwASJCQh1N31/s320/Raul+Seixas+-+Gita.gif" /></a></div><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<a name='more'></a><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 120%; font-weight: bold;">1 – Super-heróis – 3:28 – Raul Seixas, Paulo Coelho</span></div><div style="text-align: justify;">Ironizando os “super-heróis” do povo brasileiro. Apesar da crítica ter sido feita nos anos de repressão ditatorial, ser mais atual é impossível.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 120%; font-weight: bold;">2 – Medo da chuva – 3:00 – Raul Seixas, Paulo Coelho</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Uma das mais belas canções do Raul. Refere-se a encarar a liberdade e mudanças de forma natural. A passagem “Hoje eu sei que ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez” possui a ambiguidade perfeita para dar sentido completo à ideia de que cada um compreende e leva a vida da forma que pensa ser a melhor.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 120%; font-weight: bold;">3 – As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor – 3:40 – Raul Seixas</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Um rock-baião desabafando das fragilidades do mundo moderno, do “monstro SIST” e do julgamento precipitado das coisas que ele falava. Muito divertida e muito inteligente.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 120%; font-weight: bold;">4 – Agua Viva – 2:02 – Raul Seixas, Paulo Coelho</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Inspirada no poema <i>Cantar de la alma que se huelga de conoscer a dios por fe</i>, do poeta espanhol San Juan de la Cruz, é extremamente sutil na mensagem, que diverge da intenção do poema original. Belíssima homenagem à “fonte da vida”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 120%; font-weight: bold;">5 – Moleque maravilhoso – 2:16 – Raul Seixas, Paulo Coelho</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Raul brinca de Frank Sinatra.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 120%; font-weight: bold;">6 – Sessão das 10 – 2:14 – Raul Seixas</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Um bolero bem humorado, gravado originalmente no disco Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10. Tirada de sarro com “os boêmios da velha guarda”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 120%; font-weight: bold;">7 – Sociedade Alternativa – 2:55 – Raul Seixas, Paulo Coelho</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Uma das (talvez a) mais conhecidas canções do Raul, é o hino à Sociedade Alternativa por ele idealizada naquele tempo e brado retumbante de beberrões até os dias atuais! Carrega com muita força a filosofia baseada na Lei de Thelema, de Aleister Crowley: "Do what thou wilt shall be the whole of the Law".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 120%; font-weight: bold;">8 – O Trem das 7 – 2:40 – Raul Seixas</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Com características bem populares, esta canção acompanha quem aguarda pelo “último trem do sertão”, enquanto o vê chegando entre trombetas de anjos e o céu carregado e rajado. Muito bonita e profética, é nas palavras do próprio autor “prenúncio de um novo tempo”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 120%; font-weight: bold;">9 – SOS – 3:06 – Raul Seixas</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Um pedido de carona interestelar. Uma das músicas que mais gosto do Raulzito, é daquelas melodias de se assobiar o dia inteiro!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 120%; font-weight: bold;">10 – Prelúdio – 1:13 – Raul Seixas</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">“Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade.”</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 120%; font-weight: bold;">11 – Loteria da Babilônia – 2:30 – Raul Seixas, Paulo Coelho</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O título Loteria da Babilônia é uma referência ao conto homônimo do escritor argentino Jorge Luis Borges, que era influência para Paulo Coelho e Raul. A música é empolgante e animada, enquanto a letra faz uma espécie de homenagem ao Aleister Crowley.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 120%; font-weight: bold;">12 – Gitâ – 4:46 – Raul Seixas, Paulo Coelho</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não bastasse toda loucura até aqui, chega o carro chefe do álbum. Gita (leia-se “Guita”) é referência ao livro sagrado indiano Bhagavad-Gitā. É a explicação da importância da individualidade dentro da filosofia da Sociedade Alternativa. Pelas palavras do próprio Raul: “... então quando eu falo “eu sou isso, eu sou aquilo” não sou eu, Raul Seixas, é cada um de vocês. Porque nós somos tudo, somos a coisa mais importante do Universo...”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/U0IXq1x1wcU&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x3a3a3a&color2=0x999999"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/U0IXq1x1wcU&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x3a3a3a&color2=0x999999" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
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Para quem quiser saber mais:<br />
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<a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Thelema">Thelema</a><br />
<a href="http://www.blogger.com/%20http://pt.wikipedia.org/wiki/Bhagavad-Gita">Bhagavad-Gita</a><br />
<a href="http://www.librosgratisweb.com/libros/la-loteria-de-babilonia.html"><br />
Conto de Jorge Luis Borges</a><br />
<a href="http://www.blogger.com/%20http://pagesperso-orange.fr/famille.delaye/Juan/poesias.html">Poesias de San Juan de La Cruz</a>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-53227205601121714622009-08-04T21:19:00.000-07:002010-05-01T18:56:45.242-07:00Conto curto<div style="text-align: justify;"> Tem-se, em observação, uma rua quase deserta senão por um casaco marrom e par de jeans que navega por ela. Mente-se, seguindo o rapaz surge também, de pelugem marrom quase descolorida, quatro patas, três compassadas e uma manca.</div><div style="text-align: justify;"> A distância entre os dois diminuía à proporção da desconfiança e, enquanto o homem diluía suas angústias em solvente natural que é o relento de cidade, o cão parecia querer apenas outro ser que lhe acompanhasse por alguns instantes. Talvez fosse fome e frio, por parte do animal, e embriaguez e vazio, por parte do homem. A verdade é que o último não podia sentir-se aliviado. Não que se arrependesse, mas recebia a áspera resposta do nada. Pois bem, era jovem e imortal, haviam os vinhos, o sexo e as melodias, enquanto sua alma era ampla suficiente para sobressair aos erros.</div><div style="text-align: justify;"> O chiado dos sapatos furados compunha melancólica harmonia pincelada pelo gelado silvo do vento e este tema guiava a então formada amizade por algumas ruelas de Santa Cruz. Mesmo que efêmera, a parceria era de cumplicidade suficiente para abrandar a solidão das calçadas sujas às três da madrugada.</div><div style="text-align: justify;"> Com o cheiro de uma mulher no pensamento, o de outra no braço e o do cachorro ao lado, ele seguia sem pressa na companhia do miserável camarada. Há algo de intrigante nos aromas. Não tão direto quanto uma imagem nem tão temporizados como uma música, o olfato pode ofertar as mais amplas e completas sensações.</div><div style="text-align: justify;">Passam-se uns vinte minutos e exatamente três quadras, o necessário para dispersar a amargura e para que as pernas já reclamassem o cansaço. Em despedida, o comparsa se aproximou, cheirou e lambeu-lhe a mão.</div><div style="text-align: justify;"> Há meia hora atrás, era a umidade de boca feminina que lhe tocava a pele. Trocou olhos azuis, lascivos e maqueados pelo olhar faminto e pidão de um vira-latas. Nunca a idéia de que 'o tempo passa' lhe parecera tão gratificante.<br />
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<a name='more'></a> </div>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3552809918481920074.post-19226997172273886602009-07-23T20:56:00.000-07:002010-05-01T18:57:15.035-07:00Dizer do que não seiquero é dizer do que não sei!<br />
para que falar o que conheço<br />
se disso já me cansei?<br />
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contar de minha experiência<br />
é dar eco ao comum <br />
e além de minha ciência<br />
é onde está o brilho<br />
vou cambiar esta eloquência<br />
dizer do quente, frio!<br />
do torto, reto!<br />
do longe, perto!<br />
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dize-me que não<br />
mais te amo<br />
só por que não<br />
mais te escrevo<br />
pois, não vês,<br />
o que caiu em esquecimento<br />
foi a redundância das palavras<br />
e não o sentimento?<br />
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já não me interessa o absorvido<br />
idéia aceita ou livro lido<br />
pretendo assistir o invisível<br />
pegar a dica no ouvido<br />
e declamar o impossível!<br />
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<a name='more'></a>mchinaskihttp://www.blogger.com/profile/08575916253496082934noreply@blogger.com0