quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A noite já é alta
e voam aos sopros invisíveis as pequenas angústias
expectativas vagas refrescam os hálitos amargados pela rotina e café de máquina.
Não sei o que tem... mas tem! Este raio fervente de sol que passa na lua a pratear-se e apaziguar-se, me alimenta de vontade.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Blasfêmia

Noturnas horas lentas e entorpecentes.
No balcão está sentado, mudo e suado, figura imaginada diretamente de um filme western antigo, tão preto e branco quanto, mesmo à luz fraca e amarela do boteco. Capote, barba cerrada. Mata outro trago.
Entra em assobios, tristes, mas assobios, outra imagem, já esta parece vinda de uma boemia sambista qualquer, aprumado em blusa cinza claro e calça escura. Senta-se em uma mesa. Silva, razoavelmente, uma outra melodia.
- Por Deus, poderia parar com esta merda?
O cavalheiro, sem levantar-se de seu recente aposento, devolve:
- Por mim, continuo.
Calam-se alguns segundos. O primeiro ainda debruçado sobre a madeira plana junto ao copo, sem virar-se. O segundo poucos metros atrás, sentado confortavelmente e encarando o atrevido ranzinza.
- Muito bem, pensa que é Deus. Tenha ao menos piedade, com esse calor infernal, de deixar-me em paz e calar esta aporrinhação.
- E não deveria estar acostumado, um Diabo como você?
Deus aborreceu-se, desistiu de acender o cigarro e saiu. Ao menos serviu para que cessassem as más inerpretadas melodias.
O Diabo agradeceu a Deus (quanta ironia!) e matou outro trago.





quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Emily

Vem Emily
vamos brincar
rodar, rolar
me dá
me afana
o anseio de amar
então me chama
o macio da cama
não nos conforta
brinquemos no chão
te puxo e empurro
te ponho torta
te desarrumo
são mãos e eiras
e beiras e vãos
nos corpos a poeira
nos gruda aos poros
misturam a sujeira
e suam os anseios
improvisamos os meios
nos melamos
lambuzamos
inexistem receios





segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Vargtimmen

Ao fim, ela por ela
porém, é desfecho das ocasiões ou
enfim, princípio natural?

Das trevas que te cercam
devias julgá-las por outras sanguessugas?
Não, talvez entendê-las
como as intrínsecas vestes de tua alma

Ao nascer, se moldam a tuas formas
Ao viver, amedrontam-te silenciosas
Ao morrer, absorvem-te