sábado, 12 de junho de 2010

12/06

"Mas... ânimo! Ainda seremos grandes amigos!"
O que doeu mais, vagas palavras de consolo inútil ou os braços rasgados pela ventania gelada que se fez logo após, em um ponto de ônibus qualquer às 2:30 da manhã?
Pouco importa, pois as dores são parceiras na moléstia alheia. E mais, não haveria momento mais propício para o encontro e união destas que o dia dos namorados.
Não, não vou chamar de ironia de ninguém, destino, vida, juventude... quero que estes malditos metidos ao sarcasmo se fodam. A ironia é da minha dor, unicamente!
Portanto, muda-se a companhia no dia dos companheiros. Muda-se também as influências. Se antes diria:

"O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar."

Declamo agora:

"Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja."

Bem verdade. Uma se foi mas deixou a outra como presente de dia dos amantes.
Não há raiva, apenas mudei de Menina para Dor.
Troquei também o Fernando pelo Augusto.

Já fiz poesias à Menina, bobas e clichês.
Minha musa a ser beijada por versos agora é outra. Não prometo que não sejam também bobas e clichês, mas prometo a dedicatória.

Feliz dia do amor, Dor!



4 comentários:

  1. Hey,

    Essa musa constante, realmente corta, uma parte nossa que parte de dentro pra fora ou de fora pra dentro.Nossas dores que cantam poesias, e que são poetas, que são a Lua que nos dá inspiração, ao mesmo tempo que nos mata!

    Gostei disso! Belo texto! intenso!

    abraços

    Guilherme

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  2. Ao menos no Dia dos Namorados preenchemos a data com dor e não vazios,

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  3. Eu quis chorar, mas não o fiz. A dor é o maior mistério nunca revelado ao saber médico. A gente nunca sabe onde dói ou o que se sente de fato. Mas, sabe que ela existe, que está lá.
    Ao invés do aperto em meu peito, te ofereço um abraço com a alma. Não daqueles de consolo, apenas um abraço almático, daqueles que são de verdade.

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  4. Há que se enaltecer a importância de Augusto, que dos Anjos não tinha nem o A. "Escarra nesta boca que te beija" é de sacudir qualquer dor. Que à ela caibam as devidas homenagens, já que não me resta nenhuma dúvida de que a digníssima é, e sempre será, a Menina dos olhos de toda a humanidade para todo o sempre.
    De ponta cabeça às vezes o mundo fica mais divertido. Basta saber olhar.

    Avante!

    Beijo, rapaz.

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