sábado, 8 de maio de 2010

Conveniência

Já te ocorreu, meu caro, de possuir a mais límpida pureza e desejar a sujeira? Quando digo de pureza, digo da intenção clara, do ímpeto moldado e simples. Por algum acaso já te ocorreu esta armadilha da vida e juventude?
Sim, pois a juventude não passa de trama da vida. Nada sutil, muito pelo averso, juventude é coisa arrebatadora. É ardilosa e sem culpa. Mais que tudo, é maldosa e egoísta.
Já te custaram, amigo, horas noturnas e soturnas de pálpebras cerradas em vão? Horas estas que lubridiam e abandonam à própria sorte da consciência. Trazem elas a verdade ou o engano? Meio, fim ou abismo?
Não bastam a pontuação nem as exclamações. Tampouco bastam as palmas flamencas. Não basta a coerência para explicar-te, tens que ter sentido e doído.
A pureza não traz consigo apenas a alegria e o "felizes-para-sempre". Ela carrega a raiva de mil anos de opressão e pretende despejar tudo em um buraco, tu!
Sou sim, hipócrita. És tu também. Mas por graça de deus, ou da cerveja, os fatos não reprimem os desabafos. Somos sujos por natureza e puros por conveniência.




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