sábado, 1 de maio de 2010

Virgínia

pureza por nome
como pura podes não ser?
eternizas a ignorância das carnes

quero no
reflexo de teus óculos
me encontrar
e na umidade de teus lábios
sentir a vida
me tomar

me tome,
me beba e me mostre
me encare por todo o tempo
me desafie
e me beba

tolo eu, se te tomo por submissa
se me penso superior, por mirar por cima
me tomas a vida
e me mantém como queres
com olhar que ora sugere
ora reflete

o vinho das uvas me derrete o paladar
seus gemidos me derretem os ouvidos
teus olhos blindados me derretem a visão
teus mamilos me derretem o tato
teu suor me derrete o olfato
tua saliva me derrete a alma

derrete-me
depois toma-me

me absorva com a lingua e com os olhos
por baixo e por cima,
por fora e por dentro
me absorva
me consuma e me destrúa
me encare por todo o tempo



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