Destruam seus computadores! Larguem os celulares e enterrem suas televisões! Comidas transgênicas causam câncer e ultra-sonografia mata os neurônios! Clonagem + engenharia genética + filmes em 3D = FIM DO MUNDO!!!!!
Não. Nada disso. Esta mensagem embalada pelo delicioso ritmo jazzístico moderno (poderia dizer assim?) que o Jamiroquai fez como ninguém, ou poucos, quer alertar pra algo bem mais sutil, porém grave.
Em quais quesitos a evolução do conhecimento e domínio sobre a natureza (neste ponto, um conceito amplo) alterou, para melhor ou pior, nossa consciência quanto a seres viventes coletivos e não filhos-do-dono-do-mundo individuais e possuidores da verdade suprema? Até onde me parece, em nenhum. E nisso esta música entra em concordância comigo. Realmente, seria de um idealismo brega dizer que “Temos muitos amigos no Orkut, mas não em uma festa” ou que “Passamos mais tempo conversando sobre uma briga no Big Brother do que resolvendo nossas discordâncias”. Seria, se isso tudo não fosse uma consequência drástica da nossa falta de capacidade de lidar com a própria natureza (aqui, um sentido fechado).
Explico: é intrínseco ao comportamento humano o comodismo, mas também é a razão. Portanto pode-se classificar como egoísta e desumano o ato consciente de prejudicar o coletivo em prol do individual. Mas espera aí, levando em conta que um celular desses de 90 reais exige: Desmatamento para mineração de metais, extração de petróleo para produção de plástico, poluição de água no processo de fabricação, exploração do trabalho de outro homem na linha de montagem (provavelmente um chinês), queima de combustíveis para o transporte do aparelho... quer dizer então que eu, meus amigos e até minha avó de 80 anos somos desumanos e egoístas por usar um telefone desses para comunicação? Talvez a definição “egoísta e desumano” não ajude muito bem na análise geral... que tal insanidade?
Retirado de um dicionário na web:
insanidade (in-sa-ni-da-de)
Caráter do que é insano.
Dito, ação que revela falta de juízo, de bom senso.
Sim, a partir do momento em que escolhemos um carro fechado para nos isolar do ponto de ônibus demasiadamente humano, estamos sendo insanos. Quando consumimos tudo que nos é ofertado com a simples premissa de que “Eu posso”, somos insanos. Quando culpamos o conteúdo veiculado pela televisão que nós compramos de deturpar os princípios de nossos filhos sentados em nosso sofá, somos completamente insanos.
Seguindo a trilha sonora, quem pode dizer os milagres que ainda não faremos pela humanidade? Sim, ou escolher as cores do olho e cabelo do filho não seria um milagre em 1960? A questão é aonde chegaremos sem a respectiva evolução da consciência humana. E esta é a ferida que a banda toca com a maravilhosa música e melhor ainda vídeo.
Lançado em 1996 no álbum Travelling Without Moving, Virtual Insanity vinha acompanhado de mudanças bruscas nas possibilidades tecnológicas da década: celulares, computadores pessoais, internet, além de eventos até então assustadores e/ou apocalípticos: ovelha Dolly, alardes sobre o efeito estufa e El Niño por exemplo. O Jamiroquai consegue então representar toda essa angústia da época, o que fica mais enfático ainda com o vídeo clip. Neste, Jay Kay vestindo uma roupa escura se move dançando e cantando em uma sala extremamente clara, com um efeito muito louco de movimento do ambiente inteiro.
Entre algumas baratas, corvos e sofás que dançam e sangram, a banda conseguiu sincronia perfeita entre os conceitos da música e as imagens em movimento. Pena que, por ter sido lançado oficialmente junto ao nascimento da ovelha Dolly, todo este belo trabalho ficou estigmatizado como apenas uma crítica à clonagem. Nossa péssima e velha mania de simplificar as idéias, pois pensar cansa.
Esta aí, então, um incentivo a conhecer e escutar a música. Também a proposta de transgredir da simples admiração de belos conceitos para a vivência como seres inteligentes e sensíveis
A Dolly nasceu e morreu. Nós também não?
Não. Nada disso. Esta mensagem embalada pelo delicioso ritmo jazzístico moderno (poderia dizer assim?) que o Jamiroquai fez como ninguém, ou poucos, quer alertar pra algo bem mais sutil, porém grave.
Em quais quesitos a evolução do conhecimento e domínio sobre a natureza (neste ponto, um conceito amplo) alterou, para melhor ou pior, nossa consciência quanto a seres viventes coletivos e não filhos-do-dono-do-mundo individuais e possuidores da verdade suprema? Até onde me parece, em nenhum. E nisso esta música entra em concordância comigo. Realmente, seria de um idealismo brega dizer que “Temos muitos amigos no Orkut, mas não em uma festa” ou que “Passamos mais tempo conversando sobre uma briga no Big Brother do que resolvendo nossas discordâncias”. Seria, se isso tudo não fosse uma consequência drástica da nossa falta de capacidade de lidar com a própria natureza (aqui, um sentido fechado).
Explico: é intrínseco ao comportamento humano o comodismo, mas também é a razão. Portanto pode-se classificar como egoísta e desumano o ato consciente de prejudicar o coletivo em prol do individual. Mas espera aí, levando em conta que um celular desses de 90 reais exige: Desmatamento para mineração de metais, extração de petróleo para produção de plástico, poluição de água no processo de fabricação, exploração do trabalho de outro homem na linha de montagem (provavelmente um chinês), queima de combustíveis para o transporte do aparelho... quer dizer então que eu, meus amigos e até minha avó de 80 anos somos desumanos e egoístas por usar um telefone desses para comunicação? Talvez a definição “egoísta e desumano” não ajude muito bem na análise geral... que tal insanidade?
Retirado de um dicionário na web:
insanidade (in-sa-ni-da-de)
Caráter do que é insano.
Dito, ação que revela falta de juízo, de bom senso.
Sim, a partir do momento em que escolhemos um carro fechado para nos isolar do ponto de ônibus demasiadamente humano, estamos sendo insanos. Quando consumimos tudo que nos é ofertado com a simples premissa de que “Eu posso”, somos insanos. Quando culpamos o conteúdo veiculado pela televisão que nós compramos de deturpar os princípios de nossos filhos sentados em nosso sofá, somos completamente insanos.
Seguindo a trilha sonora, quem pode dizer os milagres que ainda não faremos pela humanidade? Sim, ou escolher as cores do olho e cabelo do filho não seria um milagre em 1960? A questão é aonde chegaremos sem a respectiva evolução da consciência humana. E esta é a ferida que a banda toca com a maravilhosa música e melhor ainda vídeo.
Lançado em 1996 no álbum Travelling Without Moving, Virtual Insanity vinha acompanhado de mudanças bruscas nas possibilidades tecnológicas da década: celulares, computadores pessoais, internet, além de eventos até então assustadores e/ou apocalípticos: ovelha Dolly, alardes sobre o efeito estufa e El Niño por exemplo. O Jamiroquai consegue então representar toda essa angústia da época, o que fica mais enfático ainda com o vídeo clip. Neste, Jay Kay vestindo uma roupa escura se move dançando e cantando em uma sala extremamente clara, com um efeito muito louco de movimento do ambiente inteiro.
Entre algumas baratas, corvos e sofás que dançam e sangram, a banda conseguiu sincronia perfeita entre os conceitos da música e as imagens em movimento. Pena que, por ter sido lançado oficialmente junto ao nascimento da ovelha Dolly, todo este belo trabalho ficou estigmatizado como apenas uma crítica à clonagem. Nossa péssima e velha mania de simplificar as idéias, pois pensar cansa.
Esta aí, então, um incentivo a conhecer e escutar a música. Também a proposta de transgredir da simples admiração de belos conceitos para a vivência como seres inteligentes e sensíveis
A Dolly nasceu e morreu. Nós também não?
poxa, gostei do texto. parabens
ResponderExcluir